Soldagem – Radiações não ionizantes

 PERÍCIAS TÉCNICAS

BOLETIM TÉCNICO – 17

Sabe-se que, na soldagem, são gerados raios ultravioleta de alta intensidade (ondas de comprimento inferior a 380 nm) e raios infravermelhos relativamente intensos (ondas de comprimento superior a 760 nm), além da radiação de espectro visível da luz (380 a 760 nm).

A Portaria nº 3214/78 do MTE, em sua NR-15, anexo nº 7 – RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES, assim registra:

“1. Para os efeitos desta norma, são radiações não ionizantes, as microondas, ultravioletas e laser.

  1. As operações ou atividades que exponham os trabalhadores às radiações ionizantes, sem a proteção adequada, serão consideradas insalubres, em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho”.

SOLDAGEM A ARCO ELÉTRICO E OXIACETILENO

A principal fonte de exposição potencial à radiação ultravioleta é a energia radiante dos equipamentos de soldagem a arco. O arco elétrico gera calor e também radiação eletromagnética de alta intensidade, nas faixas do infravermelho, luz visível e ultravioleta. Os níveis em torno do equipamento de solda a arco são muito elevados e podem produzir lesões oculares e cutâneas graves, em um tempo de exposição de 3 a 10 minutos, a distâncias visuais curtas, de uns poucos metros. A proteção dos olhos e da pele é obrigatória.

Importante destacar que todos os tipos de arcos elétricos, em especial todos os tipos de solda geram radiação ultravioleta. As modalidades de maior emissão de raios ultravioleta são as protegidas com o gás argônio (MIG, TIG e MAG).

PROTEÇÃO OCUPACIONAL ADEQUADA

A radiação ultravioleta (UV) tem baixa penetração, sendo relativamente fácil produzir barreiras relativamente eficientes. O vidro comum é razoável para exposições menos energéticas. Para se conhecer a atenuação de materiais, os fabricantes devem ser consultados. A maioria dos corpos rígidos e opacos será uma boa barreira (chapas, madeira prensada, aglomerada). Plásticos como o policarbonato e o acrílico podem ser eficientes. Para os soldadores, a proteção dos olhos é atendida usando-se as tonalidades recomendadas para cada processo. A seguir, uma tabela ilustrativa de tonalidades de proteção para processos que utilizam arco elétrico.

Processo Intensidade da corrente ou diâmetro do eletrodo Tonalidade
 

 

 

Eletrodo revestido

Até 100 A 8, 9
Até 5/32” (4mm)

100 a 300 A

10, 11
3/16” (4,8mm) a ¼” (6,4mm) 12
Acima de 300 A

Acima de ¼” (6,4mm)

14
Processo Mig

(proteção por gás inerte)

Até 200 A 10, 11
Acima de 200 A 12, 13, 14
Processo Mag

(proteção por gás ativo)

 

————————–

 

12, 13, 14

 

 

Processo Tig (eletrodo de tungstênio com proteção por gás inerte)

Até 15 A 8
15 a 75 A 9
75 a 100 A 10
100 a 200 A 11
200 a 250 A 12
250 a 300 A 13, 14
Eletrodo de grafite ———————— 14

Os tecidos têm um efeito de barreira muito variável, em função do estreitamento da trama e do preenchimento de vazios que a fibra pode proporcionar. O fato de “produzir sombra” é enganoso, pois o que se bloqueia é a parte visível. Na tabela abaixo, vemos a eficiência relativa de certos tecidos. Tramas mais fechadas e densas darão melhor desempenho.

Tipo de tecido Parcela transmitida na faixa de 320 a 280 nm
Nylon 20 a 40%
Algodão 5 a 30%
Rayon e mesclas de rayon 10 a 15%
Lã pesada, flanela <1%
Couro <0,01%

Os cremes protetores solares (*) de uso popular também podem e devem ser utilizados ocupacionalmente. Deve-se preferir um fator de proteção alto (o fator representa quantas vezes mais, em tempo, pode-se ficar exposto até se atingir um mesmo efeito de quando não se está protegido).

Os cremes devem ser utilizados disciplinadamente, com reaplicações durante o dia.

(*) Até a presente data tanto os bloqueadores solares como os cremes protetores de segurança existentes no mercado, NÃO SÃO CONSIDERADOS COMO EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI’s), uma vez que não são possuidores de Certificado de Aprovação (CA) expedido pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). (NOTA TÉCNICA/DSST/Nº59/2002).