Poeira Total X Poeira Respirável

PERÍCIAS TÉCNICAS

BOLETIM TÉCNICO – 79

A definição da fração respirável para poeiras suspensas no ar foi originalmente recomendada pelo British Medical Research Council (BMRC) em 1952, e internacionalmente adotada em 1959 durante a Johannesburg Pneumoconiosis Conference. A partir daí, dispositivos seletores, conhecidos como ciclones, foram desenvolvidos para separar as partículas menores que 10 µm (dez micrômetros), consideradas como as causadoras das pneumoconioses.

No caso da poeira total, os tamanhos das partículas a serem coletadas e analisadas não foram explicitamente definidos. O termo “poeira total” sugeria que “todas” as partículas suspensas no ar poderiam ser coletadas com os dispositivos utilizados para esse tipo de amostragem. Entretanto, diversos experimentos têm demonstrado que existem variações consideráveis de desempenho entre amostradores, utilizados em diversos países, para coletar a mesma suposta poeira total sob condições ambientes idênticas.

Supondo que um amostrador conseguisse coletar corretamente todos os tamanhos de partículas suspensas no ar, outra consideração muito importante é que nem toda poeira suspensa no ar é capaz de entrar no sistema respiratório. Com isso, as medições de poeira total e os Limites de Exposição Ocupacional (LEO’s) com os quais elas estão associadas têm sido de relevância limitada para avaliação dos efeitos à saúde.

HARMONIZAÇÃO

Nos anos 90, a American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH), a International Organization for Standardization (ISSO) e o Comité Europeén de Normalisation (CEN) chegaram a uma harmonização sobre as definições das frações inalável, torácica e respirável. Essas convenções de amostragem não foram definidas por região, separadamente. Elas são cumulativas, sendo que o particulado inalável é visto como uma fração de todo o aerodispersóide presente no local de trabalho. Já os particulados torácico e respirável são sub-frações da fração inalável.

Dependendo dos efeitos à saúde, uma ou outra região de deposição será de maior interesse conforme as seguintes definições:

FRAÇÃO INALÁVEL

É entendida como a porção de poeira que passa pelas narinas e pela boca, e entra no trato respiratório durante a inalação. É apropriada para avaliação do potencial de risco de materiais suspensos no ar que exercem um efeito adverso se depositados no trato respiratório como um todo. Essa fração corresponde às partículas menores que 100 µm (cem micrômetros).

FRAÇÃO TORÁCICA

É a porção composta por partículas que são pequenas o suficiente para passar pela laringe e entrar nos pulmões durante a inalação. Essa fração é utilizada na avaliação do risco ocupacional que está associado com os materiais suspensos no ar que exercem um efeito adverso ao serem depositados nas regiões tranqueobronquial e de troca de gases. Esta fração corresponde às partículas menores que 25 µm (vinte e cinco micrômetros).

FRAÇÃO RESPIRÁVEL

É a porção composta de partículas que são pequenas o suficiente para entrar na região alveolar dos pulmões durante a inalação. Esta fração corresponde às partículas menores que 10 µm (dez micrômetros).