Extração de Sal

PERÍCIAS TÉCNICAS

BOLETIM TÉCNICO – 99

A água do mar é composta por uma grande variedade de sais. Segundo pesquisadores em 35 gramas de sal encontra-se: 27,2g de cloreto de sódio (NaCl); 3,8g de cloreto de magnésio (MgCl); 1,6g de sulfato de magnésio (MgSO4); 1,3g de  sulfato de cálcio (CaSO4); 0,9g de sulfato de potássio (X2SO4); e 0,2g de carbonato de cálcio (CaCo3). Porém podem ocorrer pequenas variações de acordo com o ponto da superfície oceânica, com as condições climáticas e com a localização geográfica. No Brasil, a extração é basicamente de cloreto de sódio ou sal de cozinha; no entanto em outros países há também a extração de outros sais, como ocorriam nos países do mar Adriático.

EVAPORAÇÃO

A obtenção do cloro de sódio puro (livre de outros sais) só é possível devido à cristalização fracionada dos seus sais existentes na água do mar, resultante da diferença de solubilidade, que ocorre durante a evaporação natural.

RISCOS AMBIENTAIS

Na extração de sal existe a exposição a água com alto teor de salinidade, forte calor e radiação solar. A exposição ocorre em virtude de o trabalho ser realizado a céu aberto.

Diversos autores mencionaram sobre potenciais danos a saúde dos trabalhadores devido à exposição ao sol. Bustamante et al. (1958) advertiram sobre a necessidade de se proteger os salineiros, em vista da natureza do trabalho, da “agressividade do sol” e da “intensa luminosidade”. E ainda relataram sobre uma série de afecções da pele e dos olhos decorrentes desta exposição.

Na década de 1980, a precariedade das condições de trabalho nas salinas manuais foi abordada também por Hatem et al. (1986), identificando entre os principais riscos associados a exposição à radiação solar: as dermatoses e as patologias oculares – principalmente a catarata, o pterígio e a hiperemia acentuada na conjuntiva.

Em estudo realizado pelo médico dermatologista Salim Ali (2009), nas salinas do Rio Grande do Norte, encontrou-se sinais de envelhecimento precoce da pele dos trabalhadores, em consequência aos efeitos causados pela exposição à radiação ultravioleta, além de dois casos de epitelioma labial, numa população de 326 trabalhadores avaliados.

Queiroz (2011) também descreveu sobre a intensidade do sal e do sol e seus efeitos. Essa autora relatou suas sensações após entrar nos tanques para vivenciar o trabalho dos salineiros:

“A pele do meu rosto, mesmo com uso de protetor solar, ficou avermelhada, dando um tom de exposição excessiva ao sol sem proteção. Os meus olhos doíam, lacrimejavam, mesmo eu estando de óculos em tons brevemente escuros. Os meus braços ficaram doloridos também, visto que usava blusa de mangas curtas (…). E estes trabalhadores continuavam lá, trabalhando do mesmo jeito (QUEIROZ, 2011, p. 101 e 102)”.

INSALUBRIDADE

A Portaria nº 3.214/78 do MTE, em sua NR-15 – ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES, anexo nº 13, assim registra:

 

AGENTES QUÍMICOS

“1. Relação das atividades e operações, envolvendo agentes químicos, consideradas insalubres em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho. Excluam-se desta relação as atividades ou operações com os agentes químicos constantes dos Anexos 11 e 12.

 

 

 

OPERAÇÕES DIVERSAS

Insalubridade de grau médio

Trabalhos na extração de sal (salinas).