Explosão

 PERÍCIAS TÉCNICAS

BOLETIM TÉCNICO – 45

O QUE É UMA EXPLOSÃO?

Uma explosão é caracterizada por um súbito aumento de volume e grande liberação de energia, geralmente acompanhado por altas temperaturas, produção de gases e deslocamento de ar.

O QUE É NECESSÁRIO PARA QUE OCORRA UMA EXPLOSÃO?

É necessária a presença de vapores inflamáveis (combustível) no ar, do oxigênio (comburente) e de fonte de calor, representado pelo triângulo do fogo.

Em função das características de certos produtos químicos pode-se ocorrer a formação de condições propícias para que ocorra uma explosão.

COMO NÓS EVITAMOS OCORRÊNCIAS DESTE TIPO?

Temos que agir nos componentes do Triângulo do Fogo:

Vapores inflamáveis: Os vapores inflamáveis, estão presentes nas manipulações de solventes e outros produtos químicos normalmente, como por exemplo: outras tintas, vernizes e adesivos. Em função da temperatura ambiente, tipos de recipientes e forma de utilização, os vapores se desprendem com maior facilidade no ar, proporcionando os riscos. Para controle, devem haver recursos de engenharia como por exemplo:

  • Máquinas que possuam sistemas de exaustão que retiram os vapores, evitando a formação de atmosferas explosivas;
  • A ventilação natural também é um meio de dissipação dos vapores e por este motivo devem existir aberturas nas paredes do prédio;
  • Os ventiladores, também removem a massa de vapores e favorecem a dissipação.

Existem também procedimentos que devem ser seguidos como:

  • Manter os recipientes, contendo substâncias inflamáveis, sempre fechados/tampados, inclusive durante o transporte;
  • Todos os recipientes devem ser certificados com a sinalização no seu corpo, que deve ser mantida durante todo o período de utilização;
  • Reduzir ao máximo a área de evaporação do solvente, principalmente na limpeza do piso ou maquinários.

Se houver vapores de solventes no ar formando uma mistura rica, ou seja, em proporção suficiente para haver uma queima, o que somente faltará é a fonte de calor, para a ignição destes vapores, que poderá ser proveniente de:

  1. Faíscas provocadas por ferramentas manuais ou elétricas: As ferramentas em áreas potencialmente explosivas deverão ser de metais não ferrosos, como: bronze, alumínio, latão ou outro metal que não solte faíscas. As ferramentas elétricas não podem ser comuns e sim a prova de geração de faíscas (blindadas) ou pneumáticas
  2. Descarga de eletricidade estática: A eletroestática é formada através do atrito entre corpos, gerando uma diferença de potencial elétrico armazenada entre eles, como por exemplo: o fluxo de solvente na tubulação, o transporte de vasilhames pela fábrica, a passagem, do substrato pelos cilindros da máquina, o caminhar pela fábrica, e outras situações cotidianas.

Com uma diferença de potencial entre os corpos carregados, existe a possibilidade de fuga de corrente, gerando uma faísca que poderá ter energia suficiente para gerar o calor e incendiar misturas. Como prevenção devemos aterrar todos os recipientes contendo solventes inflamáveis, utilizar calçados com solados antiestético, não utilizar vestimentas de tecidos sintéticos (Nylon, Elanca e Microfibras) em áreas de manipulação de solventes;

3. Chamas abertas de serviços de solda, corte com maçarico ou lixamento de peças metálicas: Para a execução destes serviços todas as fontes de combustíveis deverão ser removidas do local, de forma que não haja existência de materiais que possam propiciar a queima acidental.

4. Aquecimento de partes das máquinas, devido ao atrito ou contato acidental: Alguns componentes de máquinas poderão, devido ao contato metal com metal, gerar calor suficiente para dar ignição aos vapores inflamáveis, como por exemplo: rolamentos travados, banheiras em contato com cilindro, e outros. Para controlar estes riscos é importante ficar atento às condições mecânicas das máquinas, barulhos diferentes, montagem das banheiras, pois apesar de se ter um plano de inspeção e manutenção preventiva, você tem uma participação muito importante neste controle dos riscos de explosões e incêndios.

Também existe outra forma bem peculiar que pode ocasionar riscos de explosões, e está ligada ao estado sólido da matéria, as poeiras, ou seja, as concentrações de pó no ar.

As partículas de poeiras, formadas nos ambientes, podem concentrar-se em volume suficiente que, com uma fonte de calor, queimam juntas causando deslocamento de ar e incêndios potenciais. É comum em silos de grãos como milho, soja, arroz e outros.

As partículas de poeiras são perfeitamente esféricas, mas podem possuir as mais diversas formas. Quanto mais irregulares forem suas formas, maior é a facilidade de combustão desta partícula. Além disso, partículas irregulares produzem maiores quantidades de energia estática.

Havendo uma uniformidade de distribuição das partículas no ar, isto é, havendo uma continuidade nas nuvens de poeiras, aumentam as possibilidades da ocorrência de sua explosão.

MEDIDAS DE SEGURANÇA PARA CONTROLE DESTES RISCOS:

  1. Devemos evitar a dispersão de poeiras no ar, pois além de criar atmosferas perigosas, podemos estar respirando as partículas, que podem ser prejudiciais à nossa saúde;
  2. Fazer limpeza com panos úmidos ao invés de utilizar espanadores ou vassouras. O melhor é utilizar um aspirador de pó;
  3. Não deixar acumuladas poeiras sobre equipamentos, pois podem ser combustíveis e facilitar a propagação de incêndios;
  4. Algumas substâncias químicas sólidas são combustíveis e suas manipulações podem ocasionar na formação de atmosferas explosivas; então é importante que se conheça os riscos do produto, utilize sistemas de exaustão/áreas ventiladas e aterre os recipientes.

Quando recipientes ou tubulações são pressurizadas, ou seja, submetidos à pressão acima da atmosférica, e tenham algum desgaste das soldas ou estruturas metálicas por corrosão ou danos físicos, podem vir a sofrer rompimentos.

As caldeiras, cilindros de gases comprimidos, tanques de armazenamento de ar comprimido e outros são bons exemplos.

Todos estes equipamentos podem sofrer a repentina liberação da pressão interna, provocando o deslocamento de ar e a projeção de estilhaços ou materiais à distância.

No Brasil existe uma legislação especifica para tratar de assuntos pertinentes a segurança destas instalações, definida como Norma Regulamentadora NR-13 – CALDEIRAS E VASOS DE PRESSÃO. Estes equipamentos, conforme suas especificações técnicas, deverão possuir válvulas de segurança, que aliviam a pressão quando estiver acima do limite máximo estipulado, manômetros para controle visual das pressões internas, documentação do histórico, testes hidrostáticos (pressão de trabalho) e outras formas de controle.

EXPLOSÕES ELÉTRICAS

Os equipamentos elétricos energizados poderão sofrer explosões e incêndios caso ocorram curtos-circuitos através de arcos elétricos.

Em uma definição mais simples, os equipamentos elétricos, mesmo novos, podem apresentar defeitos inesperados, apesar de haver inspeções e manutenções preventivas e corretivas.

Profissionais não habilitados, devem se afastar de painéis elétricos e serviços de manutenção elétrica, e não adentrar em salas elétricas, requisitos estes definidos por uma legislação específica chamada de NR-10 – SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE, com redação dada pela Portaria nº 598, de 07/12/2004.