Isocianatos Orgânicos

PERÍCIAS TÉCNICAS

BOLETIM TÉCNICO – 123

Isocianatos orgânicos são compostos que  contêm o grupo isocianato – N=C=O ligado a um grupo orgânico. São ésteres do ácido isociânico HNCO. Formam polímeros que são comumente chamados de poliuretanos, de grande aplicação comercial.

Estes compostos são altamente reativos por causa da alta insaturação no grupo funcional isocianato. Eles passam por reações de adição às ligações duplas de carbono-nitrogênio.

POSSÍVEIS RISCOS À SAÚDE

A maioria dos isocianatos é nocivo à saúde. Eles causam lacrimejamento e irritação da pele e mucosas. O contato com a pele causa urticária, eczema e escurecimento leve. A inalação de vapores de isocianatos pode causar reações alérgicas semelhantes às da asma com sintomas que variam desde dificuldades respiratórias a ataques agudos e perda repentina da consciência.

São muitos variados os graus de toxicidade dos isocianatos. Enquanto que o isocianato de metila é altamente tóxico, o diisocianato de diciclohexilmetano tem uma ação moderada. Além disso, os riscos à saúde diferem significativamente dependendo da via de exposição.

Embora o isocianato de metila cause graves danos à saúde, outros isocianatos alifáticos são relativamente menos perigosos e a intoxicação causada pela sua inalação aguda é muito mais baixa do que aquela causada pelos vapores e partículas dos diisocianato aromáticos. Também, esta última classe de compostos, apresenta uma toxidade por inalação muito maior do que aquela proveniente dos monoisocianatos aromáticos.

Por outro lado, os isocianatos alifáticos apresentam uma toxidade aguda oral maior do que aquela dos diisocianatos aromáticos. A classe de isocianatos, na sua totalidade, causa intoxicação, principalmente através da inalação. Embora a toxidade diminua com o aumento do comprimento da cadeia de carbono, isto não é essencialmente verdadeiro, pois que muitas anomalias podem ser encontradas com relação aos isocianatos alifáticos substituídos.

SEGURANÇA E MANUSEIO

Os isocianatos que têm alta pressão de vapor deverão ser manuseados cuidadosamente em local bem ventilado e equipado com um sistema de exaustão apropriado.

Devem ser usadas roupas de proteção, óculos de segurança, luvas e máscaras respiratórias quando da manipulação de isocianatos altamente tóxicos. Deve-se utilizar equipamento de respiração artificial quando for manusear produtos em altas concentrações.

No caso de uma intoxicação, recomenda-se o uso de um broncodilatador. Pode-se dar oxigênio nos casos de taques agudos. Lave a pele afetada com grandes quantidades de água.

ISOCIANATOS ORGÂNICOS

  • ISOCIANATO DE METILA

CAS: 62483-9

Sinônimos: MIC; ester metílico do ácido isociânico; isocianatometano.

USOS E RISCOS DE EXPOSIÇÃO

O isocianato de metila é usado principalmente na fabricação de pesticidas e herbicidas como o cabaryl e o aldicarb. É também usado, mas em menor proporção, na produção de plásticos e espumas de poliuretano. Atribui-se ao isocianato de metila a morte de mais de 3000 pessoas em Bhopal, Índia, em um trágico acidente industrial na década de 80.

  • Tolueno 2,4 – Diisocianato

CAS: 584-84-9

Sinônimos: tolileno 2,4-diisocianato; 2,4-diisocianato de tolueno; tolueno diisocianato (TDI); 4-metil fenileno diisocianato; 4-metil-m-fenileno éster do ácido isociânico.

USOS E RISCOS DE EXPOSIÇÃO

O tolueno 2-4diisocianato é um dos isocianatos mais extensivamente usados. É utilizado na produção de espuma de uretano rígida e flexível, elastômeros e revestimentos. Além da sua aplicação na forma pura, está disponível no mercado um composto contendo os insômeros 2,4- e 2,6 (nas proporções de 80:20% e 65:35%, respectivamente).

  • HEXAMETILENO DIISOCIANATO

CAS: 822-06-0

Sinônimos: 1,6 diisocianatohexano, 1-6-diisocianto de hexanodiol, hexametileno éster do ácido isociânico.

USOS E RISCOS DE EXPOSIÇÃO

O hexametileno diisocianato (HDI) é usado para a produção de espuma de poliuretano e revestimentos especiais de alta qualidade.

  • DIFENILMETANO – 4,4’-DIISOCIANATO

CAS: 101-68-8

Sinônimos: metilenobis (4-fenileno isocianato); bis(para-isocianatofenil) metano; bis(1,4-isocianatofenil)metano; 1,1’-metileno-bis(4-isocianatobenzeno); metileno di-para-fenileno diisocianato; di-para-fenileno éster metileno do ácido isociânico.

USOS E RISCOS DE EXPOSIÇÃO

O difenilmetano 4,4’-diisocianato (MDI) é largamente usado na fabricação de produtos de espuma de uretano rígidos, revestimento e elastômeros.

  • BIS (4-CICLOHEXILISOCIANATO) DE METILENO

CAS: 5124-30-1

Sinônimos: bis(4-isocianatociclohexil)metano; metilenodi-4,1-ciclohexileno éster do ácido isociânico.

USOS E RISCOS DE EXPOSIÇÃO

O bis(4-ciclohexilisocianato) de metileno é usado na produção de espuma de uretano com estabilidade de cor.

  • ISOCIANATO DE n-BUTILA

CAS: 111-36-4

Sinônimos: isocianatobutano; butil éster do ácido isociânico.

USOS E RISCOS DE EXPOSIÇÃO

O isocianato de n-butila é usado como um agente de acilação na reação Friedel-Crafts para produzir amida.

  • ISOFORONA DIISOCIANATO

CAS: 4098-71-9

Sinônimos: 3-isocianato metil-3,5,5-trimetil ciclohexilisocianato; 5-isocianato-1-(isocianatometil)-1,3,3-trimetilciclohexano; (3,5,5-trimetil-3,1-ciclohexileno) metileno éster do ácido isociânico.

USOS E RISCOS DE EXPOSIÇÃO

O isoforona diisocianato (IPDI) é usado na produção de revestimentos de alta qualidade, tintas de poliuretano, vernizes e como um elastômero para substâncias usadas em moldagens.

  • ISOCIANATO DE ETILA

CAS: 109-90-0

Sinônimos: isocianatoetano, etil éster do ácido isociânico.

TOXICIDADE

Moderadamente tóxico através da inalação e da absorção pela pele; DL50 intravenosa (camundongos): 56mg/kg; rotulação do DOT: Veneno, ONU 2481.

  • ISOCIANATO DE PROPILA

CAS: 110-78-1

Sinônimos: isocianatopropano, propil éster do ácido isociânico.

TOXICIDADE

Moderadamente tóxico, o efeito da intoxicação é semelhante àquele causado pela isocianato de etila; DL50 intravenosa (camundongos): 56mg/kg; rotulação do DOT: Veneno, ONU 2482.

  • ISOCIANATO DE ISOPROPILA

CAS: 1795-48-8

Sinônimos: 2-isocianatopropano, isopropil éster do ácido isociânico.

TOXICIDADE

Moderadamente tóxico, sintomas tóxicos semelhantes àqueles causados pelos isocianatos alifáticos de menor cadeia de carbono; não há registro da DL50; rotulação do DOT: Veneno, ONU 2483.

  • ISOCIANATO DE ALILA

CAS: 1476-23-9

Sinônimos: alil éster do ácido isociânico.

TOXICIDADE

Causa lacrimejamento, irrita a pele; moderadamente tóxico; DL50 intravenosa (camundongos) 18mg/kg.

  • ISOCIANATO DE FENILA

CAS: 103-71-9

Sinônimos: carbamil fenil carbonimida, isocianatobenzeno; fenil éster do ácido isociânico; Mondor.

TOXICIDADE

Irrita os olhos, pode causar lacrimejamento; toxicidade baixa através da inalação e pela via oral; DL50 oral (ratos) 950 mg/kg; rotulação do DOT: Veneno B, ONU 2487.

  • ISOCIANATO DE BENZOÍLA

CAS: 4461-33-0

Sinônimos: benzoíl éster de ácido isociânico.

TOXICIDADE

Irrita os olhos; não há registros disponíveis de dados sobre a toxicidade.

  • DURENO ISOCIANATO

CAS: 58149-28-31

Sinônimos: 3-isocianato-1,2,4,5-tetrametilbenzeno.

TOXICIDADE

Apresentou toxidade variando de baixa a moderada em animais de laboratório; DL50 intraperitonial (camundongos): 83mg/kg.

  • BENZENO -1,3-DIISOCIANATO

CAS: 123-61-5

Sinônimos: m-fenileno diisocianato, 1,3-diisocianatobenzeno, m-fenileno éster do ácido isociânico.

TOXICIDADE

Toxicidade variando entre moderada e alta; via de intoxicação: inalação; não há dados disponíveis da DL50, em seres humanos. Os sintomas tóxicos agudos podem ser bronquite, sibilação peito congestionado e edema pulmonar – semelhante a outros isocianatos aromáticos;  toxicidade oral baixa; DL50 intravenosa (camundongos): 5,6mg/kg; limites de tolerância: TLC-TWA (relativo ao diisocianato) 0,0327mg/m3 (0,005 ppm), máximo 0,13mg/m3 (0,02 ppm)/ 10 min (NIOSH).

  • ISOCIANATO DE CICLOHEXILA

CAS: 3173-53-3

Sinônimos: isocianatociclohexano, ciclohexil éster do ácido isociânico.

TOXICIDADE

Toxicidade variando entre moderada e alta em cobaias nas administrações pelas vias intravenosa e intraperitonial; não há dados sobre a toxicidade por inalação; DL50 intraperitonial (camundongos): 13mg/kg; rotulação do DOT: Veneno B, ONU 2488.

  • ISOCIANATO DE pclorofenila

CAS: 104-12-1

Sinônimos: p-clorofenil éster do ácido isociânico.

TOXICIDADE

É altamente venenoso quando vapores ou particulados são inalados; em seres humanos, os sintomas tóxicos são característicos dos isocianatos aromáticos observados na exposição a 40mg/m3 (0,16 ppm) por 1 minuto; LCLO (camundongos): 40 mg/m3; toxicidade pela via oral baixa; o contato com a pele ou com os olhos pode causar irritações grave; não há limites de tolerância estabelecidos, é recomendado um TLV-TWA de 0,005 ppm (0,031 mg/m3).

  • ISOCIANATO DE 3,4-DICLOROFENILA

CAS: 102-36-3

Sinônimos: 3,4-diclorofenil éster de ácido isociânico.

TOXICIDADE

Moderadamente tóxico em cobaias através da inalação; a exposição a 18 ppm (140 mg/m3) por 2 horas foi fatal para camundongos na sequência de irritação das vias respiratórias e lesão dos pulmões; não há dados relatados da toxicidade em seres humanos.

  • ISOCIANATO DE 2-FLUOROETIL

CAS: 505-12-4

Sinônimos: 2-fluoroetil éster do ácido isociânico.

TOXICIDADE

Apresentou-se toxicidade entre moderada e alta em camundongos quando administrado por via intraperitonial; DL50 intraperitonial (camundongos) 17 mg/kg.

  • ISOCIANATO DE 3-FLUORPROPILA

CAS: 407-99-8

Sinônimos: 3-fluorobutil éster do ácido isociânico.

TOXICIDADE

Mais tóxico do que o Isocianato de fluoretilda; DL50 intraperitonial (camundongos): 10 mg/kg.

  • ISOCIANATO DE 4-FLUORPROPILA

CAS: 353-16-2

Sinônimos: 4-fluorobutil éster do ácido isociânico.

TOXICIDADE

Altamente tóxico quando administrado intraperitonialmente a camundongos; DL50 intraperitonial (camundongos): 4,7 mg/kg.

  • ISOCIANATO DE 4-FLUORFENIL

CAS: 1195-45-5

Sinônimos: 4-fluorofenil éster do ácido isociânico.

TOXICIDADE

Irrita os olhos; não há dados disponíveis da toxicidade.

INSALUBRIDADE

A Portaria nº 3214/78 do MTE em sua NR-15 – Atividades e Operações Insalubres, anexo nº 13, assim registra.

AGENTES QUÍMICOS

  1. Relação das insalubres e operações, envolvendo agentes químicos consideradas insalubres em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho. Excluam-se desta relação as atividades ou operações com os agentes químicos constantes dos anexos 11 e 12.

HIDROCARBONETOS E OUTROS COMPOSTOS DE CARBONO

Insalubridade de grau médio

Emprego de isocianatos na formação de poliuretanas (lacas, dedesmodor e desmofem, lacas de dupla composição, lacas protetoras de madeiras e metais, adesivos especiais e outros produtos à base de polisocianetos e polivvetanas).